O uso da tecnologia para garantir a continuidade do processo de aprendizado dos jovens durante a crise de COVID-19. A situação na Ásia

A continuidade do processo de aprendizado dos jovens durante a crise de COVID-19, pelo Banco Mundial. Um breve resumo da situação na Ásia.

O uso da tecnologia para garantir a continuidade do processo de aprendizado dos jovens durante a crise de COVID-19. A situação na Ásia

Durante a pandemia de COVID-19, os países uniram esforços para fornecer suporte tecnológico às escolas, com o objetivo de dar continuidade ao ano letivo, estabelecendo novos processos de aprendizado a distância durante o confinamento. A situação gerada pelo vírus propiciou o surgimento de múltiplas iniciativas. Dentre elas, frisa-se a desenvolvida pelo Banco Mundial por meio de sua plataforma da Web, o EduTech. Um site que reúne diversos temas e modelos de implementação de grande relevância no campo educacional, em apoio aos diálogos nacionais formulados em todo o mundo.

O Banco Mundial catalogou as abordagens emergentes por países em um banco de dados interno. No seu blog do EduTech, foi feita uma análise das medidas tomadas por cada um dos países durante a pandemia. Neste novo artigo, revisamos os desafios colocados por cada um dos países do continente asiático.

Afeganistão

No Afeganistão foram estabelecidos três cenários de ação de acordo com os períodos de duração do vírus no país. O primeiro cenário foi estabelecido durante um ou dois meses após o início da pandemia, o segundo de três a seis meses e o terceiro contempla um cenário de mais de seis meses de pandemia. Em resposta a esses três cenários, foi criado um plano chamado de “Esquema de educação alternativa para a persistência do coronavírus”. Trata-se de um plano desenvolvido pela Direção de Educação Profissional e Técnica. As soluções propostas pelo Ministério da Educação contemplam a continuidade do aprendizado em casa, por meio da difusão de materiais impressos (capítulos de livros didáticos), da transmissão das aulas nos meios tradicionais (rádio e televisão), além de recursos educacionais por meio de plataformas digitais (sites) e de redes sociais (Facebook e YouTube).

Arábia Saudita

Durante a crise do coronavírus, o Ministério da Educação (MOE) do país disponibilizou um total de 127 docentes aos estudantes e seus familiares para fornecerem lições diárias de 112 disciplinas por meio de 19 canais de televisão transmitidos em todo o país a partir de uma sala de aula em Riade. O ministério ofereceu aos alunos várias opções de aprendizado virtual disponíveis no site do Ministério da Educação.

Butão

Em 27 de março de 2020, o Ministério da Educação (MoE) lançou o programa de e-learning do Butão, implementando assim “as diretrizes para o Plano de implementação do currículo para educação em caso de emergência (EiE)”. Entre as organizações que têm apoiado o Ministério da Educação, enfatiza-se a UNICEF, com o objetivo de garantir a continuidade do curso escolar, por meio da emissora nacional. O país optou por fazer uso da televisão educacional, além de redes como o YouTube. Os cronogramas de programação foram divulgados no site do Ministério da Segurança.

No que diz respeito às plataformas e ferramentas digitais, as escolas optaram pelo aprendizado a distância com Google Suite, WeChat ou WhatsApp. Por meio deles, os docentes podem estabelecer comunicação com pais e alunos, atribuir atividades diárias, enviar trabalhos de casa e proceder às avaliações. Os centros educacionais passaram a coletar informações sobre os estudantes com acesso à Internet e dispositivos eletrônicos. A principal fonte de acesso à Internet é por meio de telefones celulares no Butão.

Para reduzir a desigualdade digital e para que as crianças sem dispositivos ou acesso à Internet pudessem seguir o ano letivo, diferentes provedoras, como a Bhutan Telecom (BT) e a TashiCell, trabalharam com o governo a fim de fornecer dados e permitir o acesso a conteúdos educacionais a todos os estudantes durante o confinamento. Por sua vez, o Ministério da Informação e Comunicações também está trabalhando com o Ministério da Educação e provedoras de serviços de telecomunicações para facilitar o acesso à Internet aos estudantes em todo o país.

China

A China foi o primeiro país a administrar a crise do coronavírus, o aprendizado foi interrompido localmente antes de ser paralisado no resto do mundo. No dia 9 de fevereiro, cerca de 200 milhões de estudantes do ensino fundamental e médio na China começaram o novo semestre fazendo experiências com o aprendizado em casa. Todas as escolas tinham sido fechadas por conta do coronavírus. Foi o maior desafio educacional da história da humanidade. Ao longo de duas semanas, o Ministério da Educação, juntamente com o Ministério da Indústria e Tecnologias da Informação, reuniu-se com fornecedores de plataformas e cursos on-line, provedoras de telecomunicações e outras organizações de gestão educacional para:

  • Mobilizar as principais provedoras de telecomunicações com o objetivo de levar a conectividade a regiões em situações desfavoráveis.
  • Aumentar a largura de banda das principais plataformas educacionais.
  • Oferecer mais de 24.000 cursos on-line a estudantes universitários e 22 plataformas de cursos on-line para o ensino fundamental e médio.
  • Obter metodologias para facilitar o aprendizado a distância. Formar escolas e docentes para a seleção de metodologias apropriadas aplicadas às TIC. Estabelecer as horas de aprendizado exigidas de acordo com cada curso.
  • Fortalecer a segurança da Internet com a colaboração das provedoras de telecomunicações.
  • Dar apoio psicossocial e formação sobre o coronavírus e as medidas de proteção e segurança a serem adotadas.

O Ministério da Educação teve de garantir a continuidade do ano letivo e por isso lançou a Plataforma nacional na nuvem de recursos educacionais, de forma a garantir um aprendizado sem interrupções.

Mais sobre a Plataforma nacional na nuvem de recursos educacionais e serviço público da China.

Índia

A Índia também foi um dos países que optou por continuar trabalhando em nível educacional por meio de plataformas digitais. No dia 21 de março de 2020, o Ministério do Desenvolvimento de Recursos Humanos compartilhou com os estudantes afetados pelo fechamento de escolas diversas plataformas digitais gratuitas para possibilitar a continuidade do ano letivo.

Entre esses portais destaca-se o DIKSHA, uma plataforma de e-learning, destinada a docentes, familiares e alunos. Seus conteúdos foram elaborados por mais de 250 docentes, alinhados ao currículo escolar, e incluem lições por vídeo, livros didáticos, fichas de atividades e avaliações. O aplicativo está disponível para uso sem conexão com a Internet. Outra plataforma que disponibiliza recursos em diversos idiomas para docentes e estudantes é o portal do Repositório Nacional de Recursos Educacionais Abertos (NROER), que reúne livros, módulos interativos e vídeos, além de uma série de jogos baseados em STEM.

Entre os portais alinhados ao plano acadêmico está o Swayam, que reúne mais de 1.900 cursos em disciplinas como humanidades, ciências sociais, engenharia, direito, administração e robótica. Ele é voltado para jovens do nono ano ao terceiro ano do ensino médio e a cursos do ensino superior (graduação e pós-graduação). O Swayam pertence à Swayam Prabha, um grupo de 32 canais Direct To Home (DTH) que transmitem programas educacionais para todas os anos letivos, incluindo formação de docentes, em todo o país. Entre os conteúdos transmitidos, se sobressaem: ciências, humanidades, ciências sociais, tecnologia, direito, medicina, negócios, artes, engenharia, agricultura etc. Os horários de programação estão disponíveis no site.

Um dos mais recentes aplicativos de e-learning na Índia é o e-Pathshala, disponível em vários idiomas para o ensino fundamental. Essa ferramenta coleta livros, vídeos, áudio etc.

Indonésia

Assim como na Índia, na Indonésia o Ministério da Educação e da Cultura (MoEC) reuniu dez provedoras de tecnologia para oferecer aos alunos acesso gratuito a plataformas de aprendizado digital, como Ruangguru e Zenius. Também fazendo uso de outras ferramentas como Google Suite Education, Smart Class, Microsoft Teams, Quipper School, Sekolahmu e Kelas Pintar.

Entre as iniciativas tecnológicas está a Rumah Belajar (“Casa do Aprendizado”, em tradução livre), plataforma do Ministério da Educação que disponibiliza recursos educacionais sob demanda, desde crianças até a formação profissional. Ela fornece um sistema de gestão do aprendizado, permitindo a interação entre o docente e os alunos, com aulas digitais, livros eletrônicos, além de ferramentas de avaliação da prática de acordo com o currículo acadêmico.

Outra solução tecnológica é o Programa de Sistema de Aprendizado On-line (SPADA) de apoio a Sistemas de Gestão do Aprendizado (LMS) para o ensino superior. Palestras on-line, bem como recursos abertos, foram disponibilizados a todos os alunos por meio de qualquer universidade conectada ao SPADA.

A declaração do estado de emergência devido à pandemia de COVID-19 ocasionou o cancelamento de todos os exames a nível nacional. O MoEC anunciou que todas as avaliações seriam substituídas por atividades, testes e exames on-line.

Mas no país não foram escolhidas apenas soluções a nível tecnológico. Para dar continuidade ao desenvolvimento da educação nesse período, optou-se por sua vez pela transmissão de conteúdos educativos em meios tradicionais, como a televisão. Em 2004, o MoEC lançou a televisão educativa TV Edukasi, com dois canais de transmissão ao vivo, um voltado para estudantes e outro exclusivamente para docentes. A programação educacional ao vivo também está disponível em seu site. A TV Edukasi foi uma das alternativas durante o confinamento.

Japão

Em resposta ao novo cenário educacional decorrente da COVID-19, o Ministério da Educação, Cultura, Esportes, Ciência e Tecnologia (MEXT) tem proposto diferentes estratégias aos centros educacionais. Todas as informações estão resumidas em seu site. No Japão, as escolas optaram pelo ensino a distância usando as TIC, mas muitas outras escolas continuaram a usar as instalações escolares de forma segura e saudável.

Coreia

Na Coreia, a pandemia fez com que o Ministério da Educação investisse 250 milhões de dólares para enfrentar a crise educacional. Isso representa um aumento de 4% do orçamento total da educação em 2020. O investimento tem sido feito para apoiar plataformas educacionais, portais de educação pública gratuitos, bem como para aquisição de equipamentos de saúde para docentes e alunos. O governo, por sua vez, apoiou as operadoras de rede ao promover planos gratuitos a todos os estudantes até o final de maio. Foi assim que ocorreu o lançamento de vários cursos on-line gratuitos para alunos do ensino médio.

O Ministério da Ciência e TIC (MSIT), em colaboração com o Ministério da Educação e Família, criou novos portais de aprendizado para práticas científicas e codificação de software.

Assim como na Indonésia, na Coreia também se sublinhou o papel da mídia tradicional, que contou igualmente com o apoio do governo. O Sistema de Transmissão Educacional Coreano (EBS) e o Serviço de Informação sobre Educação e Pesquisa da Coreia (KERIS) optaram pela promoção de sites educacionais gratuitos, a fim de incentivar o aprendizado em casa. O EBS, por sua vez, transmite diariamente a programação educacional por meio de mídias tradicionais, como o rádio e a televisão, e fornece conteúdo educacional em vídeo, enquanto o KERIS fornece livros didáticos digitais sobre matérias como: matemática, ciências, estudos sociais etc. Ao mesmo tempo, oferece plataformas digitais de ensino, como o Wedorang, e serviços de e-learning, como o e-Hakseupteo, ferramentas que se configuram como salas de aula virtuais, permitindo aos docentes a publicação de atividades, a interação com os alunos, a realização de debates e a avaliação de tarefas atribuídas.

Kuwait

No dia 1º de março de 2020, ocorreu o fechamento de escolas e universidades do país. Como no resto dos países, o Ministério da Educação optou pela promoção do aprendizado a distância. Além dos meios de comunicação tradicionais como a televisão, o Kuwait aproveitou o canal educacional com o objetivo de transmitir lições aos estudantes de todas as idades, sobre diversos temas.

Malásia

Dois também foram os canais de transmissão de aprendizado selecionados pela Malásia. Por outro lado, por meio da plataforma digital EduwebTV, anteriormente chamada de TV Pendidikan, o Ministério da Educação oferece recursos educacionais, como livros didáticos em formato digital sob demanda, destinados a alunos da educação infantil ao ensino médio.

O aprendizado também foi transmitido por meios tradicionais, como a televisão. No dia 6 de abril de 2020, a estação de rádio pública Radio Televisyen Malysia (RTM) lançou um novo canal educacional chamado TV OKEY. Com isso, divulgou uma grade de programação de conteúdos educacionais voltada sobretudo para estes estudantes sem conectividade. A transmissão ao vivo, assim como a grade de programação, também está disponível no site da RTM.

Maldivas

Nas Maldivas, o Ministério da Educação optou principalmente por oferecer métodos alternativos de ensino a estudantes sem conectividade, com o objetivo de dar continuidade ao processo de aprendizado de forma equitativa para todos os alunos. Por isso, procedeu ao desenvolvimento de um plano dirigido a alunos de todos os níveis de ensino, caso se prolongue a situação que acarreta a suspensão das aulas presenciais. A difusão dos conteúdos tem sido feita principalmente pelos meios tradicionais. Entre a programação para alunos do ensino fundamental estão as teleaulas, cujos recursos também são compartilhados em seu site. Após o fechamento das escolas, o Ministério da Educação incorporou o programa “Telekilaas”, oferecendo lições de preparação para exames aos estudantes do primeiro ano do ensino médio. O programa é transmitido por streaming nos canais de televisão pública “Public Service Media” (PSM) e YES TV com conteúdos formativos das 8 h às 14 h. Os horários da programação são divulgados pelas redes sociais do Ministério da Educação na véspera. As lições são ministradas por meio de ferramentas como Google Classroom, YouTube e TED-Ed. O governo, por outro lado, criou uma plataforma exclusivamente educacional chamada Filaa.

O período de confinamento foi a confirmação da existência de uma desigualdade digital na sociedade. E em todos os países e continentes, medidas tiveram que ser tomadas, fornecendo soluções tecnológicas para tornar possível o aprendizado em casa, e continuar com o desenvolvimento do ano letivo neste período de crise. No continente asiático, um dos principais desafios tem sido a luta pela igualdade educacional, por isso os Ministérios da Educação de vários países transferiram aos centros educacionais a tarefa de identificar aqueles estudantes sem acesso à Internet e dispositivos eletrônicos. Os países optaram pela transmissão das aulas por meio de meios tradicionais, como a televisão. A continuidade do curso nos centros educacionais tem sido possível com o uso de ferramentas gratuitas como Google Classroom, Microsoft Teams, WhatsApp, YouTube, Google Suite etc.

Acesse o site para obter mais informações:

World Bank

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