Panorama da Educação 2024: Reprovado em Equidade

Na última década, o acesso à educação melhorou significativamente em muitos países, permitindo que milhões de crianças e jovens entrassem no sistema educacional, permanecessem por mais tempo e tivessem acesso a melhores oportunidades de emprego e desenvolvimento pessoal. No entanto, por trás desses avanços, persistem desigualdades profundas que limitam o potencial de muitos indivíduos, especialmente aqueles de contextos socioeconômicos desfavorecidos. Essas são as conclusões do relatório Panorama da Educação 2024, no qual a OCDE aponta que, apesar do progresso no acesso, a equidade na educação continua sendo um desafio crítico global.

Panorama da Educação 2024: Reprovado em Equidade

Educación

O relatório Education at a Glance da OCDE é uma avaliação global que, todos os anos, compara os sistemas educacionais dos países membros. Ele analisa uma ampla gama de indicadores relacionados à educação, como o acesso, os recursos investidos, o desempenho dos alunos e os resultados no mercado de trabalho dos formados. A necessidade de melhorias na equidade tem sido uma constante em todas as edições desta publicação, que é lançada anualmente desde 1992 e se tornou uma referência global para a avaliação e comparação dos sistemas educacionais dos países membros da OCDE.

A seguir, examinaremos as principais conclusões da última edição, a de 2024, que, como mencionamos, se concentra especificamente na equidade educacional, nas disparidades que ocorrem nos sistemas educacionais e nos resultados que elas geram, tanto social quanto laboralmente.

Mais escolarização, mas piores resultados de aprendizagem

El informe de la OCDE destaca importantes avances en la reducción del número de estudiantes que abandonan prematuramente el sistema educativo. Desde 2016, la proporción de jóvenes de entre 18 y 24 años que no están empleados y que tampoco se encuentran dentro del sistema educativo (los llamados NEET o NINIS) ha disminuido del 16% al 14% en promedio en los países de la OCDE.

También se ha producido un descenso en la proporción de personas jóvenes (de 25 a 34 años) sin una cualificación de educación secundaria superior, que cayó del 17% en 2016 al 14% en 2023. Este logro ha mejorado las perspectivas de empleo para este grupo, con una tasa de empleo que aumentó del 59% al 61%. Estos avances demuestran que la permanencia en el sistema educativo es fundamental para mejorar las oportunidades laborales. Aquellos que completan al menos la educación secundaria superior tienen una mayor probabilidad de empleo, mejores ingresos y mayor estabilidad en sus carreras. Esto subraya la importancia de continuar implementando políticas educativas que aborden la deserción escolar y promuevan la conclusión de la educación secundaria, especialmente entre los grupos más vulnerables.

O relatório revela uma desconexão preocupante entre o tempo que os alunos passam no sistema educacional e a qualidade da aprendizagem adquirida.

No entanto, embora esses avanços na participação educacional sejam encorajadores, eles não se traduziram necessariamente em melhores resultados de aprendizagem. O relatório ressalta que a proporção de alunos de 15 anos com baixo desempenho em Matemática, Leitura e Ciências, de acordo com os resultados do Programa para Avaliação Internacional de Alunos (PISA), não melhorou desde 2012 em muitos países. Isso revela uma desconexão preocupante entre o tempo que os alunos passam no sistema educacional e a qualidade da aprendizagem adquirida.

Hereditariedade familiar: um fardo para toda a vida

Apesar dos avanços mencionados, as desigualdades educacionais continuam a ser um desafio em vários níveis do sistema. Por exemplo, o relatório destaca que os antecedentes familiares continuam a ser um dos fatores mais determinantes para o sucesso educacional. Em muitos países, as crianças de famílias de baixa renda têm 18 pontos percentuais a menos de probabilidade de estarem matriculadas em programas de educação infantil antes dos três anos, em comparação com seus pares de famílias de renda mais alta. Esse acesso desigual à educação na primeira infância tem um impacto duradouro ao longo da vida acadêmica dos alunos, dificultando seu sucesso no ensino primário, secundário e até mesmo no ensino superior.

Essas desigualdades criam um círculo vicioso de desvantagens inter geracionais. Apenas 19% dos alunos cujos pais não completaram o ensino secundário superior conseguem obter uma qualificação de ensino superior, em comparação com 72% daqueles cujos pais têm um diploma universitário. Isso perpetua as barreiras para a mobilidade social e agrava as desigualdades econômicas e sociais.




Apenas 19% dos alunos cujos pais não completaram o ensino secundário superior conseguem obter uma qualificação de ensino superior, em comparação com 72% daqueles cujos pais têm um diploma universitário.






Educação na primeira infância: chave para mitigar as desigualdades

Uma das formas mais eficazes de reduzir as desigualdades educacionais é investir na educação infantil. Esta etapa é crucial para fechar as lacunas de desenvolvimento entre as crianças antes que elas ingressem no ensino primário. Reconhecendo essa importância, muitos países da OCDE implementaram políticas que ampliam a obrigatoriedade da educação pré-escolar. De fato, na última década, 10 dos 38 países da OCDE reduziram a idade de início da educação obrigatória, e em 19 países a educação pré-escolar já é obrigatória.

O gasto público em educação infantil cresceu consideravelmente, aumentando em média 9% entre 2015 e 2021 nos países da OCDE. Em alguns países, como Lituânia e Alemanha, os gastos aumentaram em 50% e 42%, respectivamente, o que nos dá uma ideia do crescente reconhecimento da importância dessa etapa educacional para o desenvolvimento pessoal e acadêmico.

Apesar desses dados, continuam existindo disparidades no acesso e na acessibilidade da educação infantil, especialmente para famílias de baixa renda. Embora alguns países ofereçam educação gratuita desde uma idade precoce, em muitos outros há lacunas consideráveis entre o fim da licença parental remunerada e o início da educação gratuita, obrigando as famílias a arcar com os custos da educação infantil por vários anos. Essas barreiras econômicas perpetuam as desigualdades desde as primeiras etapas da vida.

A escassez de professores qualificados: um desafio para a equidade

A escassez de professores qualificados continua sendo uma barreira importante para a equidade educacional. Segundo o relatório, no início do ano letivo de 2022-2023, 18 dos 21 países da OCDE com dados disponíveis relataram sofrer com a falta de professores para preencher as vagas em seus sistemas educacionais.

As escolas em áreas socioeconomicamente desfavorecidas são as mais afetadas por essa escassez, o que agrava as desigualdades existentes. Os alunos dessas áreas não apenas enfrentam interrupções em seu aprendizado, mas também têm menos acesso à atenção individualizada de que precisam para atingir seu máximo potencial. Alguns países implementaram incentivos financeiros para atrair professores para as escolas que mais precisam deles, mas o relatório ressalta que medidas econômicas por si só não são suficientes. É necessário fornecer suporte profissional e criar condições de trabalho que motivem os professores a trabalhar nesses contextos desafiadores.

Desigualdades de gênero no mercado de trabalho, apesar dos êxitos educacionais

O relatório também destaca as disparidades de gênero nos êxitos educacionais e nas oportunidades de emprego. Embora as mulheres superem os homens em quase todos os indicadores educacionais, essa vantagem não se traduz em melhores oportunidades de emprego. Em média, as mulheres com educação universitária têm taxas de emprego inferiores às dos homens e ganham 17% a menos que seus colegas homens com as mesmas qualificações.

Essa disparidade sublinha a urgência de políticas que promovam a igualdade de gênero tanto na educação quanto no emprego. A eliminação das barreiras estruturais que limitam a participação laboral das mulheres, como a discriminação salarial ou as responsabilidades de cuidado, é fundamental para garantir que os êxitos educacionais se reflitam em oportunidades iguais no mercado de trabalho.

Precisamos nos comprometer verdadeiramente com a equidade

Apesar dos avanços no acesso à educação, garantir que todos os alunos tenham as mesmas oportunidades de sucesso continua sendo um desafio significativo. Investir na educação infantil, melhorar as condições para os professores e apoiar os alunos desfavorecidos são medidas essenciais para avançar em direção a uma maior equidade educacional. Além disso, é vital implementar políticas integradas que promovam a igualdade de gênero no mercado de trabalho, de modo que os êxitos educacionais possam se traduzir em um futuro mais justo e equitativo para todos.

A equidade educacional não é apenas uma meta desejável, mas uma condição fundamental para o desenvolvimento sustentável e a coesão social em nossas sociedades. Para superá-la, é necessário um compromisso contínuo, tanto dos governos quanto das instituições, que garantam que todos os alunos, independentemente de sua origem socioeconômica ou gênero, possam alcançar seu máximo potencial.

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