O retorno da comunidade educacional a uma nova normalidade escolar

A reabertura das escolas continua sendo uma decisão difícil, pois a pandemia continua evoluindo e ainda não há evidências sobre os riscos de transmissão do coronavírus.

O retorno da comunidade educacional a uma nova normalidade escolar

 

A reabertura das escolas continua sendo uma decisão difícil, pois a pandemia segue sua evolução e ainda não há evidências sobre os riscos de transmissão do coronavírus.

A pandemia trouxe consigo o fechamento de escolas, o que levou ao aumento da diferença social, fomentando a desigualdade. Cerca de 1,6 bilhões de crianças abandonaram as aulas em todo o mundo. Apesar do fato de que a maioria dos países ainda não decidiu uma data específica para o retorno às aulas em setembro, a UNESCO prevê uma estratégia faseada, priorizando a saúde e a segurança. A UNESCO, por meio de seu Relatório de monitoramento global da educação: inclusão e educação (GEM 2020), enfatiza que os governos devem concentrar seus esforços em todos os alunos vulneráveis, que foram isolados durante o confinamento e que não tiveram a oportunidade de qualificar-se às condições de aprendizado requeridas. Por isso, indicam que, quando os centros educacionais voltarem à atividade, passarão a trabalhar esse aspecto em prol da igualdade. O Programa Mundial de Alimentos (PMA) confirmou que cerca de 370 milhões de crianças não estão recebendo refeições devido ao fechamento de suas escolas.

O cenário educacional apresentado durante o confinamento caracterizou-se pelo aprendizado a distância, por meio de plataformas e ferramentas que possibilitaram a comunicação entre o docente, seus alunos e familiares. Na maioria das vezes, recorreu-se a meios de comunicação clássicos, como a televisão e o rádio. No entanto, a situação vivenciada mostrou todas as fragilidades do sistema educacional global, gerando grandes questionamentos entre a comunidade educacional. Para lidar com essa incerteza, a UNESCO propõe um novo cenário educacional pós-COVID-19.

A reabertura das escolas continua sendo uma decisão difícil, pois a pandemia segue sua evolução e ainda não há evidências sobre os riscos de transmissão do coronavírus. A Coalizão Global de Educação, da qual o ProFuturo participa, foi criada com o objetivo de apoiar governos no fortalecimento do aprendizado a distância e possibilitar a reabertura de escolas após estados de emergência e períodos de confinamento.

A UNESCO, a UNICEF, o Banco Mundial e o Programa Mundial de Alimentos (PMA) concordam sobre a importância do retorno às escolas. Sempre atendendo às necessidades locais e considerando as condições de aprendizado, saúde e segurança em que os alunos se encontram. Para isso, é necessário priorizar medidas de mitigação de riscos. Conforme estabelecido no Marco de referência para a reabertura de escolas, é imprescindível reunir todas as informações sobre como docentes, alunos, escolas e comunidades têm lidado com o encerramento das instituições no período de confinamento. Foram estabelecidos cinco fatores para avaliar o nível de preparação: política, operações escolares seguras, aprendizado, inclusão dos mais vulneráveis e, finalmente, proteção. Para isso, deve-se analisar o contexto local, reconhecendo as limitações existentes em cada cenário, visando aprimorar os resultados do aprendizado por meio da promoção da educação equitativa.

Algumas das orientações salientadas para alcançar uma educação segura em tempos de pandemia são:

Antes da reabertura:

  • Estabelecer planos de financiamento e políticas voltadas para a promoção da segurança no centro escolar e melhoria da educação.
  • Oferecer orientação a nível nacional sobre a reabertura de escolas.
  • A abertura deve ser escalonada, limitada a alguns dias e por cursos. Com orientação sobre o processo de avaliação e outros procedimentos educacionais a nível nacional.
  • Elaboração de protocolos de segurança, evitando contato físico, proibição de atividades que requeiram contato com grupos, escalonamento do horário de refeições, redução do tamanho das salas de aula etc.

Durante a reabertura:

  • Promover o diálogo entre docentes, centros educacionais, familiares e a comunidade educacional.
  • Incorporar crianças vulneráveis​e sem escolarização ao sistema educacional.
  • Aumentar o uso de materiais de limpeza, os pontos de desinfecção de mãos, a desinfecção do centro etc.
  • Capacitar os professores para que eles possam aplicar medidas de distanciamento e higiene escolar e aumentar as equipes de limpeza das escolas.

Assim que as escolas estiverem abertas:

  • Reforçar as medidas de higiene, segurança e bem-estar dos alunos durante a sua presença na escola.
  • Estabelecer métodos de aprendizado que permitam combinar cursos presenciais e a distância de forma combinada.
  • Difundir conhecimentos sobre prevenção e transmissão do coronavírus.

As escolas caracterizam-se por não serem apenas um espaço de formação, mas também um local de proteção social em muitos países e para muitas famílias desfavorecidas. Em alguns países, estar fora da escola aumenta o risco de gravidez na adolescência, incentiva a violência, o casamento infantil, a exploração sexual, entre muitos outros problemas. Para garantir a inclusão nas escolas em tempos de “nova normalidade”, os docentes, por sua vez, requerem formação em metodologias ativas, procedimentos de avaliação, feedback e acompanhamento do corpo discente.

Vuelta covid19

Atualmente existem vários estudos sendo realizados pela comunidade educacional para analisar o panorama que a educação apresentará após a pandemia. Entre eles, a pesquisa realizada na Espanha pela Fundación de Ayuda contra la Drogadicción (FAD) e pelo BBVA é ressaltada. O estudo se concentrou em perguntar a mais de 5.000 docentes, familiares e alunos sobre suas necessidades e propostas para o ano letivo de 2020/2021.

O estudo Panorama da educação na Espanha após a pandemia de COVID-19, tem quatro objetivos principais:

  • Detectar as preocupações da comunidade educacional após o fechamento das escolas.
  • Identificar as fontes de preocupação e necessidades da comunidade educacional para o ano letivo de 2020/2021.
  • Identificar as propostas da comunidade educacional para 2020/2021.
  • Criar um quadro de ação para fazer face às diferentes situações possíveis para o ano letivo de 2020/2021.

Para a realização dos questionários de pesquisa, o estudo teve como referência o documento Marco para a reabertura das escolas produzido pela UNESCO, UNICEF, Banco Mundial e PMA. Os resultados mostraram a preocupação dos docentes com as condições de aprendizado e segurança nos centros educacionais. No que diz respeito às recomendações para redução de turmas, eles concordam sobre a importância de ampliar o quadro de funcionários nas escolas.

Em relação às ferramentas de trabalho que os centros possuem, eles apresentaram uma reclamação coletiva, referindo-se à falta de recursos de aprendizado a distância para o corpo discente, principalmente de dispositivos tecnológicos. A resposta educativa para essa situação passa necessariamente pela educação digital, no entanto a assistência presencial aos alunos é essencial para as famílias, bem como para estudantes e docentes. Nesse aspecto, não se pode esquecer que a nova normalidade em ambientes de formação exigirá trabalhar as competências digitais docentes e as competências do corpo discente, enfrentando a “desigualdade digital” com o acesso das famílias mais vulneráveis aos dispositivos eletrônicos, à conectividade e à promoção de plataformas educacionais e de recursos de trabalho compartilhados.

Sobre a reabertura de escolas, eles afirmaram que os espaços de trabalho com os alunos devem ser equipados com as medidas de segurança e higiene necessárias. A comunidade educacional concorda com a importância do investimento adequado à complexidade do desafio educacional do coronavírus.

Por fim, e com o objetivo de combater essas inquietações, os docentes manifestaram interesse em aprimorar suas competências de três formas: definindo estratégias para o ensino a distância e semipresencial, estabelecendo mecanismos de autoavaliação de acordo com a situação atual e definindo procedimentos que promovam a autonomia dos alunos.

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